O Juízo de Comércio do Tribunal Judicial da Comarca de Santarém declarou insolvente a SAD do Centro Desportivo de Fátima, numa sentença proferida no dia 22 de Junho, refere o documento da decisão.
O processo de insolvência teve como requerente um funcionário da SAD, que reclama vários meses de salário em atraso. Sem qualquer activo e com um passivo reconhecido pela administração da SAD que ascende a 650 mil euros, o tribunal decidiu pela insolvência da sociedade anónima desportiva.
Ao longo desta época foram vários os problemas financeiros divulgados na comunicação social. Ordenados em atraso de funcionários, jogadores, fornecedores e fisco e cinco treinadores durante a época e um futuro incerto marcaram a temporada desportiva, que acabou mais cedo perante a pandemia da Covid-19.
A situação da insolvência pode colocar em causa a continuidade da equipa sénior nos campeonatos nacionais. No entanto, Miguel Major, consultor financeiro contratado para estudar a viabilidade do clube, garante que o processo de insolvência da SAD do Fátima está a ser analisado pelos serviços jurídicos do Grupo Lleon, que detém a maioria do capital. Miguel Major explica, contudo, que estava a ser preparado um Processo Especial de Revitalização (PER), que só não avançou porque estava a aguardar documento do Revisor Oficial de contas.
[LER_MAIS]O objectivo do PER era liquidar as dívidas em quatro anos. O consultor revela que a época está a ser preparada e que a SAD terá condições de ser inscrita nas competições nacionais na próxima época, com um orçamento “inferior a 300 mil euros”.
“Há garantias bancárias, temos a equipa técnica, o staff e todos os recursos humanos necessários para o projecto avançar”, sublinha. Miguel Major, que procura dar corpo ao Projecto Fátima 20.30 para garantir a consolidação do Fátima, garante que esta é uma “indústria com viabilidade”, sobretudo na zona em que está inserida.
Para o consultor, estar no centro e em Fátima poderá contribuir para “atrair jovens nacionais e internacionais”. A base da equipa serão jovens atletas, “com qualidade mas que pela juventude acabam por não ter espaço nas equipas”.
“Este projecto está pensado para uma década e não poderá assentar num investidor. O problema do futebol tem sido esse. É preciso garantir receitas para cobrir os custos”, sublinha Miguel Major.
Segundo revela, o projecto funcionará como uma “incubadora de talento” ou “centro de estágios”.