Ao fim de três anos de Governo é cada vez mais aplicável a máxima de que “podes enganar todos durante algum tempo e alguns sempre, mas não podes enganar todos sempre”.
Apesar da propaganda inicial, é claro aos olhos de todos que afinal o Governo falhou aos seus compromissos e noutros casos oscilou entre a incompetência e a displicência.
Depois de um mês de novembro com muitas greves, dezembro não será diferente. Há 47 pré-avisos de greves, até ao final do ano, em 11 áreas da administração pública, desde a justiça aos hospitais, passando pela inspeção das pescas.
O setor da saúde será o mais afetado. Feitas as contas, tendo em conta todos os préavisos, compilados pela Direção-Geral da Administração e do Emprego Público, até fim de dezembro não haverá um único dia sem paralisações.
Ou seja, se compararmos com o ano passado, este número de pré-avisos mais do que triplica. Na saúde, as paralisações envolverão trabalhadores dos hospitais EPE, enfermeiros, técnicos de diagnóstico e terapêutica. Juntam-se os educadores de infância e ensino básico e secundário, os guardas prisionais, funcionários judiciais, bombeiros, além das greves setoriais dos registos e notariado.
Nas férias de Natal e Ano Novo também farão greve os sindicatos do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras, o Sindicato dos Inspetores de Investigação, Fiscalização e Fronteiras, e duas empresas privadas de [LER_MAIS] segurança, comprometendo as ações de fiscalização nos aeroportos nacionais.
A decorrer está já uma greve inédita: a do Metro do Porto, que paralisa pela primeira vez em 16 anos de existência. São sinais preocupantes e que são o resultado de o Governo ter andado durante três anos a prometer tudo a todos, designando isso da “alternativa” que afinal seria possível, mas provou-se que na realidade não passou de um engodo para os portugueses.
Acresce a isto o anunciado aumento do salário mínimo dos funcionários públicos para 635 euros, resultando isso na insólita discrepância que passará a existir com os funcionários do setor privado.
Os do privado trabalham 40 horas e ganharão 600 euros e os do público trabalhando 35 horas ganharão 635 euros.
A injustiça é gritante. Resta saber os impactos desta medida num país já em greve.
*Deputada do PSD
Texto escrito segundo as regras do Acordo Ortográfico de 1990