Um terço das camas de cuidados paliativos do distrito não está a ser aproveitado por falta de profissionais que assegurem o internamento na única unidade existente na região, a funcionar no Hospital de Alcobaça Bernardino Lopes de Oliveira.
A situação é denunciada pelos deputados do PSD eleitos pelo distrito, numa pergunta entregue na Assembleia da República, e confirmada pelo Conselho de Administração do Centro Hospitalar de Leiria (CHL). Dotada de 12 camas, a unidade de cuidados paliativos do CHL iniciou actividade em Março de 2021 e tem funcionado apenas com oito camas.
Em resposta ao JORNAL DE LEIRIA, a administração do CHL explica que, apesar de não haver condições para assegurar a capacidade máxima da unidade, a opção foi abrir com oito camas, “de modo a poder prestar estes cuidados diferenciados, únicos na região”.
Na pergunta remetida ao ministro da Saúde, os deputados do PSD lamentam que “somente dois terços” da capacidade na unidade esteja a ser aproveitada, frisando que se trata de “um serviço tão fundamental” para os doentes. Os sociais-democratas questionam, por isso, a tutela sobre as razões pelas quais a totalidade das camas não está ser utilizada e se o Ministério de Manuel Pizarro prevê um aumento da capacidade de resposta durante este ano.
A administração do CHL adianta ao JORNAL DE LEIRIA que “está prevista, a muito curto prazo, a abertura de mais duas camas, passando a 10, sem prejuízo do Serviço de Cuidados Paliativos ter a seu cargo e assumir a resposta a todos os doentes” que necessitam de resposta nesta área. Esta terça-feira, por exemplo, o serviço de paliativos assegurava o internamento de 13 doentes, entre Alcobaça e Leiria, informa a instituição.
Um “espelho” do País
Para a presidente da Associação Portuguesa de Cuidados Paliativos (APCP), Catarina Pazes, o que se passa no CHL “espelha o que se vive no País”, com uma “falha global no acesso” a este tipo de cuidados, não só ao nível do internamento, mas das restantes respostas.
“É importante criar unidades e equipas, mas estas têm de estar dotadas de profissionais especializados e com competências diferenciadoras em cuidados paliativos”, lamenta. Catarina Pazes considera, por isso, que esta é uma área onde Portugal precisa de “trabalhar muito”.
“Temos milhares de doentes a precisar de cuidados paliativos especializados. As equipas são poucas e estão sub-dimensionadas, devido à falta de profissionais”, denuncia a presidente da APCP, frisando que essa lacuna acaba por “empurrar” os pacientes para outros serviços, como as urgências, onde têm “a resposta possível e não aquela que necessitam”.