Na última meia-dúzia de anos, a União de Leiria não teve dúvidas em afirmar-se como candidata à subida de divisão, mas as contas acabaram sempre por sair furadas. Esta época já não vai ser assim.
A 3.ª Liga de futebol arranca este fim-de-semana, em teoria o equilíbrio será a nota dominante e Filipe Cândido não admite colocar ao grupo de trabalho a mesma pressão que existiu num passado recente.
É que o campeonato, novo, junta, em duas séries de 12 candidatos, as equipas mais fortes do Campeonato de Portugal que falharam o acesso à 2.ª Liga em 2020/21.
São, até, vários os emblemas que já passaram pelo degrau mais alto da modalidade, como o Vitória de Setúbal, o Caldas, o Amora, o Alverca e o Torreense, precisamente o primeiro adversário da União de Leiria, já este sábado, pelas 17 horas, em Torres Vedras.
Por isso, para o treinador, que já teve a amarga experiência de em 2018/19, neste mesmo clube, ter visto gorada a subida à 2.ª Liga no desempate por grandes penalidades da final das finais, com o Vilafranquense, às palavras vai ser dado o peso que realmente têm. As contas vão mesmo ter de ser feitas apenas no fim.
“Costumo dizer em tom de brincadeira que neste campeonato cada jogo é 1X2. Vai haver um equilíbrio grande porque, independentemente dos orçamentos, os clubes conseguirão jogadores de qualidade. É uma prova que vai estar, em termos de competitividade, muito próxima da 2.ª Liga e até da 1.ª Liga. São competições marcadas pelo equilíbrio e onde qualquer equipa poderá ganhar a qualquer equipa”, sublinha Filipe Cândido, que no ano passado, no Mafra, na 2.ª Liga, sabia sempre que “o último podia ganhar ao primeiro com alguma facilidade”.
Por isso, os adeptos, que nos últimos anos estavam habituados a ver a União de Leiria a dominar a respectiva série do Campeonato de Portugal, não vão assistir a esses passeios de domingo, entende o técnico que chegou a jogar no Real Madrid.
[LER_MAIS]“Quando cá estive foram nove vitórias consecutivas, depois mais sete. Esperava-se que se não marcássemos aos 15 marcávamos aos 50, porque mesmo não jogando muito bem tínhamos um jogador que desequilibrava e resolvia as coisas, mas isso acabou. Claro que gostava de ganhar os jogos todos, mas estamos inseridos num contexto competitivo diferente e tenho a certeza absoluta que cada jogo vai ser definido no detalhe.”
A época promete, pois, ser “muito difícil”. No entanto, a União de Leiria preparou-se “o melhor possível” para enfrentar as agruras. E a melhor forma de o fazer será alterar o discurso que ao longo dos tempo tem imperado naquela casa, uma conduta que esteve na base do sucesso do Sporting na temporada passada.
“Seremos candidatos a ganhar o primeiro jogo e depois o jogo seguinte. Não nos devemos apresentar como candidatos a nada mais do que discutir sempre os três pontos. Disso, as pessoas podem ter a certeza. Seremos uma equipa ambiciosa em cada jogo, sem olharmos muito para o destino, mas preocupados com o caminho. No futebol, a vida é semana a semana.”
Convidado por outras equipas da 3.ª Liga, Filipe Cândido sabe que há “orçamentos superiores” na competição. No entanto, decidiu que o lugar onde vai passar o próximo ano será nas margens do Lis.
“É um clube feito de pessoas que me marcaram positivamente, num local que me acolheu bem e onde gostei de estar. Se pode acontecer termos trabalhado em alguns sítios onde gostaríamos de não voltar lá, em Leiria aconteceu ao contrário. Não sabia que podia voltar tão cedo, mas proporcionou-se e estou muito feliz. Esperamos todos que corra bem.”
Ainda assim, está “satisfeito” com o plantel que tem à sua mercê, “um misto de experiência e juventude”.
“Acredito que neste campeonato é importante ter alguns jogadores que dêem tranquilidade e outros que agitem. Contratámos jovens muito talentosos que poderão necessitar de algum tempo para amadurecer e vamos ter de ter essa paciência. No entanto, vamos tentar valorizar sempre o espectáculo e os nossos futebolistas. Queremos ser ambiciosos e ter um futebol que entusiasme as pessoas e anime quem nos queira ir ver.”