Salta, bate palmas, canta e até grita para dentro de campo. Sorridente e de olhos bem abertos dá vida à bancada de onde segue com atenção as jogadas das colegas mais velhas que estão ao serviço da selecção distrital.
Com oito anos, Diana Ribeiro explica que está “a puxar por elas para ganharem” à equipa de Coimbra, na tarde do último sábado, no Pavilhão do Lis, nas Cortes, em Leiria. E apressa-se a contar, orgulhosa, que também ela joga andebol, “há muito tempo porque é divertido e dá para estar com as amigas”.
Ainda não sabe muito bem explicar o porquê da escolha da modalidade, mas a irmã mais velha levanta o dedo como quem tem a resposta: “porque andebol é um jogo de equipa onde as pessoas têm de estar interligadas para tudo resultar”.
Ana Ribeiro, de 14 anos e de São Mamede, foi “contrariada e a chorar para o primeiro treino”, mas deixou-se conquistar e foi das primeiras a vestir a camisola da União Desportiva da Serra (UDS).
Três anos e pouco depois, o andebol de Santa Catarina da Serra tem cinco escalões de formação, quase 90 atletas dos seis aos 14 anos e, recentemente, viu as iniciadas sagrarem-se campeãs regionais (sub-15), a vencer a Taça da Associação de Andebol de Leiria e a começar a disputar a fase nacional.
A aposta surgiu de dois técnicos que “viram potencial e uma boa localização no clube”, conta o presidente, Amândio Santos, assumindo que no início estava “reticente com a modalidade sem tradição na região”.
Certos dos resultados estavam os dois jogadores e treinadores que se dedicavam ao andebol há vários anos e acreditavam num “projecto focado na formação e no crescimento da modalidade ”numa zona onde “havia muitas meninas que queriam fazer desporto e não tinham para onde ir”.
A necessidade era óbvia para André Micaelo, que na altura dava aulas na escola da freguesia, e que continua a dedicar-se mesmo estando a leccionar no Alentejo, numa iniciativa em que embarcou com o amigo Nuno Fernandes, de Alcanena, onde já tinha desenvolvido um projecto semelhante.
No bar improvisado do jogo, organizado pela esposa do dirigente da modalidade, o treinador e coordenador contam que optaram por começar “pela base, com minis e bambis”, que hoje “são as mais velhas e têm a responsabilidade de ser uma referência para as mais novas”.
Enquanto ultimam também os preparativos para o Festand, a festa de andebol que realizam na manhã deste domingo com actividades lúdico-pedagógicas de várias modalidades e insufláveis, sublinham “a importância de cativar os mais novos para o desporto” e de “permitir que aprendam a brincar”, numa luta onde “os valores importam muito” e “sobretudo se pretende formar atletas e pessoas para o futuro”.
“Estão à vista os resultados do trabalho e do sacrifício que elas e os pais têm feito”, concluem os técnicos, destacando “o apoio das famílias que acompanham, vibram com os jogos e até fazem bolos para angariar fundos” para a associação.
Para projectar os resultados já alcançados falta apenas, garantem, “o mais importante”: “um pavilhão com um piso adequado e as medidas mínimas exigidas e de segurança para a prática do andebol”.
Com 45 anos de história no concelho de Leiria, além do andebol, a União Desportiva da Serra aposta no futebol e no futsal, cede os equipamentos desportivos para a realização de aulas de educação física da escola da localidade, promove apoio ao estudo, tem aulas de inglês e ainda karaté, zumba e até paddle no espaço de uma antiga piscina.