Este domingo, Diego Simeone, treinador do Atlético de Madrid, não teve pejo em afirmar, com todas as letras, que Jan Oblak é “o melhor guarda-redes do Mundo”.
Há três semanas, foi o jornal espanhol Marca que entregou o troféu Zamora – distingue o guarda-redes menos batido de La Liga – ao guardião e o agente do internacional esloveno, Miha Mlakar, não poupou nos elogios.
“Para mim, Messi é o melhor jogador do planeta pelo seu talento, e Cristiano Ronaldo é o melhor como profissional. Pois, no mundo dos guarda-redes, Oblak é uma mistura dos dois”, atirou, então.
O site especializado Transfermarkt confirma: é o guarda-redes mais valioso do planeta. Está avaliado em 100 milhões de euros, mais dez do que o brasileiro Alisson Becker e o alemão Ter Stegen. Rui Patrício tem a cotação nos 20 milhões.
E se José Mourinho e Jorge Jesus deram a táctica perfeita à União de Leiria, este guarda-redes esloveno, foi, provavelmente, o jogador mais relevante que alguma vez alinhou com o símbolo do castelo ao peito, apesar de só ter ganhado uma das 17 partidas que jogou.
Foi na temporada 2011/12, a última em que o emblema do Lis esteve no patamar mais alto do futebol português, tinha o rapaz 18 anos.
Emprestado pelo Benfica, começou a temporada como suplente de Eduardo Gottardi, mas mostrou qualidades e conquistou a titularidade. Vasco Évora era o responsável pelo treino específico e elogia, acima de tudo, as qualidades humanas do antigo pupilo.
“Continuo a falar regularmente com ele. O dinheiro e a fama só reforçam as qualidades das pessoas. Se são boas ficam melhores e se são más ficam piores”, explica o técnico que esteve até há pouco tempo a treinar na China.
Inclusive, já foi “algumas vezes”, a convite de Jan, assistir a jogos do Atlético de Madrid. “Não digo que ele sinta gratidão, a verdade é que os treinadores dão a cara, mas são os adjuntos que fazem com que algumas decisões sejam tomadas.” Para o bem e para o mal.
Logo em Outubro, a União de Leiria visitava, para a Taça de Portugal, o Alchochetense. Tendo em conta aquela política de totatividade nas taças, Manuel Cajuda perguntou ao técnico de guarda-redes quem deveria jogar. A escolha recaiu em Oblak. “Apesar de ser um miúdo já era bom, treinava bem e merecia uma oportunidade”, diz.
A verdade é que a equipa do terceiro escalão eliminou a do primeiro (2-1) e o esloveno “teve culpa nos golos”. Foi o “descrédito”. “Eu nem conseguia olhar para o Cajuda”, recorda Vasco Évora.
[LER_MAIS]Gottardi regressou ao onze, mas em Janeiro partiu o maxilar. O treinador principal voltou a perguntar quem deveria ser opção e o adjunto voltou a apontar para Oblak, em detrimento de Copetti e Luiz Carlos. “A minha opinião não ia mudar só porque lhe correu mal um jogo”, justifica.
E lá jogou o esloveno com o Nacional da Madeira (2-2). Brilhou, “fez o jogo da vida dele”, e nunca mais saiu da baliza.
“Dei uma entrevista na altura e disse que ele ia ser um dos melhores do Mundo. Criticaram-me muito, mas a verdade é que nunca tinha visto nada assim. Era aplicado, mas tecnicamente diferente. Às vezes até passava por desengonçado, mas tinha que ver com a escola. Ele contava-me que os treinos na Eslovénia eram muito duros, que lhe mandavam bolas à cara para perder o medo.”
Suspiros
Curiosamente, Oblak até já fez entrar algum dinheiro nos cofres unionistas. O clube teve direito a uma compensação, de mais de 65 mil euros, pela venda do jogador do Benfica para o Atlético de Madrid, por uma verba a rondar os 16 milhões de euros.
Ainda hoje se deseja secretamente que o guarda-redes volte a ser transferido. Seria um Messias que permitiria desenvolver novos projectos, mais campos e melhores condições.
E seria ainda melhor se fosse pelos tais 100 milhões por que está avaliado, pois a verba a receber rondaria os 500 mil euros.
Estamos a falar do mais importante jogador que passou pela União de Leiria porque o emblema do castelo resolveu lançar em votação online para escolher o melhor onze dos últimos dez anos.
Foi uma década muito conturbada, talvez a mais difícil da história unionista, emblema que esteve envolvido em alguns momentos penosos, como o desafio, precisamente com Oblak na baliza, em que entrou em campo com apenas oito jogadores, frente ao Feirense (0-4).
A deslocalização para a Marinha Grande, a insolvência da SAD de João Bartolomeu, o reinício dos distritais, a criação da nova SAD, a operação Matrioskas, o jogo congelado devido a salários em atraso, foram alguns dos episódios vividos neste período em que o emblema jogou do escalão mais alto ao mais baixo do futebol português.
Os adeptos decidiram, está decidido. E Oblak jamais poderia ser esquecido. Foi pouco tempo, mas de qualidade. O escrutínio, com contou com mais de 900 votos nas redes sociais, decorreu entre 27 de Dezembro e 2 de Janeiro.
Oblak; Laranjeiro, Diego Gaúcho, Luiz Carlos e Ronny; André Santos, Silas e Pepo; Ruben Brígido, Ricardo Pateiro e Carlão foi o onze escolhido.
Um luxo, de tal forma que um titular do Benfica, como André Almeida, só tem lugar sentado no banco, ao lado do treinador Lito Vidigal e ainda de Gottardi, Marco Soares, Bruno Jordão, Adriano Castanheira, N’Gal e Djaniny.