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Home Opinião

Variações a partir das figuras de um judeu bielorusso chamado Marc Chagall

João Lázaro, psicólogo clínico e director do TE-ATO por João Lázaro, psicólogo clínico e director do TE-ATO
Junho 15, 2023
em Opinião
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Consigo ver-te suspensa no vazio do espaço. Passeias pisando o tapete sem cor, ponteado pelas luminescências perpétuas no sideral que dizem ser infinito. Os teus cabelos pendem. Chuva de fios ondulados que se continuam num outro infinito de águas que dizem ser mar.

Duvido se a cor de fogo dos teus cabelos é que alimenta os oceanos ou se os mares ascendem aos céus através de ti. Fogo liquefeito ou água que se incendeia, pouco importa, serás sempre a noiva judia de cabelos ruivos que só os amantes infelizes vislumbram nos céus de Paris. Mulher sujeita à pena perpétua de caminhar com os pés assentes na terra vazia do céu, por cada noite e até que as noites se esgotem.

O pedinte, de sobrecasaca puída, toca um violino dolente por entre a renda de ferros no topo da Torre Eiffel. Pobre coitado que se mantém fiel ao desejo que o consigas amar um dia, talvez num Shabat que ponha fim à sucessão de noites que nunca se esgotam e quando, por vontade de cada um, estrelas e lua e sol se ocupem de falar em simultâneo nesse tempo a haver, fundindo os dias e as noites num tempo só tal como o mar se fez fogo nos teus cabelos e o seu ondulado criou as marés.

De quando em vez o violino impõe descanso ao desejo carnal dos dedos calejados e o pedinte segura-o pela curva da anca e pousa-o delicadamente para que repouse na caixa forrada a veludo carmim. Depois ergue a lata vazia e matraqueia umas quantas moedas no fundo, esperançado da compaixão divina que da humana desistiu quando a sua terra-mãe ficou estéril de amor.

Nas mil-e-uma mansardas que a vista alcança outras tantas noivas com outras tantas cabeleiras de todas as cores conhecidas e outras com cores ainda por inventar. São recortes na contraluz que vem de dentro, silhuetas suspensas no sem cor que se continua para além dos caixilhos de madeira que cheira a um tempo que com o passar do tempo se fez antigamente.

Mulheres-violino com a curva da anca desenhada por mãos sábias da geometria hábil e sensual. Percutem cada corda de si aveludando o som em tons de carmim, cada uma com seu prazer que a noite se fez silêncio e a fantasia se soltou.

Em cada retângulo de luz uma tela onde cabem todas as tonalidades de uma cor. Mulher a comer retalhos de melancia de uma taça dourada com o suco a escorrer-lhe pelo pescoço e peito.

Mulher a enlaçar o cabelo e a fazer com ele uma trança que lhe desce pelo ombro esquerdo. Mulher a afundar os dedos no espaço da sua pele. Mulher com a palma das mãos sobre os olhos. Mulher a olhar, somente a olhar para nenhures. Mulher a ensaiar um tango voluptuoso que só ela consegue ouvir. Mulher com um telefone encostado à concha do ouvido, não diz nada, apenas escuta a voz invisível que vem de outro lado.

Mulher a perscrutar os seios na ânsia do que não quer encontrar. Mulher com um braço a suportar o cotovelo do braço que lhe suporta o rosto. Mulher com pequeno espelho a desenhar com a polpa dos dedos o mapa das rugas. Mulher que olha os olhos do filho que amamenta. Mulher que procura no céu a noiva judia de cabelos ruivos que só os amantes infelizes vislumbram nos céus de Paris. 

Etiquetas: cabeloscontoensaioescrita criativaJoão LázaroLeiriamulhermúsicaopiniãopedinteregião de Leiriateatroviolino
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