As exportações de carne de porco portuguesa para a China vão movimentar um volume de negócios de 100 milhões de euros este ano e de 200 milhões de euros em 2020.
Os números são da Federação Portuguesa de Associações de Suinicultores (FPAS), que avança que está prevista, durante este ano, a venda de mais de mil toneladas por semana.
Os primeiros dez contentores, com 270 toneladas de carne, no valor de um milhão de euros, seguiram para a República Popular da China no final de Janeiro, saídas das instalações industriais da Maporal, em Reguengos de Monsaraz.
Esta é uma das três indústrias de transformação e abate aprovadas para exportar carne de porco portuguesa para aquele país. As outras duas são a Montalva, na região de Torres Vedras, e a ICM, na zona de Vila Nova de Famalicão.
“Neste momento o mercado chinês está aberto à exportação de carne de porco portuguesa, pelo que qualquer produtor, desde que cumpra os requisitos sanitários exigidos pelo governo chinês e esteja articulado com indústrias de transformação e abate homologadas pelo mesmo, está elegível para exportar para China”, explica a FPAS.
“A China é um dos maiores consumidores do mundo. Exportar para este país era um anseio da produção nacional”, diz David Neves.
O presidente da Associação de Suinicultores de Leiria lembra que a nossa região representa 20% da produção nacional de suínos e afirma que a abertura deste mercado às exportações nacionais de carne de porco a pode afectar de forma “francamente positiva”.
Embora os produtores não possam exportar directamente, para o mercado chinês “irá certamente carne proveniente de animais criados em Leiria”, aponta. “Se estivessemos a falar de habilitar explorações para exportar, todas as da região de Leiria teriam condições para o fazer”, acredita o dirigente.
As exportações de carne de porco para a China “contribuirão”, segundo a FPAS, para a previsível recuperação do sector durante este ano, depois da crise que o atingiu em 2015/2016. Após uma “franca melhoria” em 2017, registou uma “ligeira contracção em 2018”.
As vendas para a China deverão rondar este ano os 16% da produção nacional, o equivalente a 100 milhões de euros, subindo para os 30% (200 milhões de euros) em 2020.
“Além da China e dos mercados de destino convencionais da carne de porco portuguesa (Espanha, Reino Unido, França, Itália, Angola e Venezuela) a recente abertura do mercado da Coreia do Sul revela, também, algum potencial, tal como as Filipinas e a Índia, este último actualmente em estudo com o apoio da AICEP”, aponta a Federação.
[LER_MAIS] Quanto ao mercado português, o sector “tem a expectativa de se valorizar, dando cumprimento ao seu desígnio estratégico de tornar Portugal auto-suficiente em produção de carne de porco até 2030”.
Em 2015 a auto-suficiência era de 59%, no ano passado já chegava aos 63,6%. Isto apesar de no primeiro ano a produção ter atingido as 273.633 toneladas e de no segundo se ter ficado pelas 258.927 toneladas.
O que terá feito a diferença foi a diminuição das importações: 126.184 toneladas de suínos vivos para abate em 2015, 102.598 no ano passado.
Leiria exporta 21% do total
No ano passado, as exportações nacionais de animais vivos da espécie suína somaram 29.489.036 euros. Para este total, o distrito de Leiria contribuiu com 6.202.925 euros, o equivalente a 21%, segundo dados facultados pelo Instituto Nacional de Estatística. Espanha e Alemanha foram os principais mercados.
Se o distrito de Leiria tem algum peso na exportação nacional de porcos vivos, o mesmo não se passa quando se fala de carne fresca, refrigerada ou congelada. Dos 70.134.584 euros exportados no ano passado, apenas contribuiu com 306.733 euros (0,43%). Tanto as exportações nacionais como as do distrito caíram no ano passado face a 2017, quando somaram, respectivamente, 81.883.131 e 599.981 euros. Espanha, Angola, Reino Unido, França e Japão foram os cinco principais mercados.