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Home Opinião

Vender ar

Nuno Reis, professor e investigador por Nuno Reis, professor e investigador
Julho 10, 2022
em Opinião
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Há uns anos, foi notícia que estava à venda ar de Fátima.

Por uma módica quantia de três euros, era possível comprar uma latinha – mais pequena que uma lata de salsichas – cheia de “ar abençoado de Fátima”.

A empresa, sediada na Venda do Pinheiro, prometia uma experiência sensorial única, com uma garantia do produto de 99 anos. Havia até planos de expandir para outros ares, depois de vários turistas se mostrarem interessados.

Esta situação foi sempre considerada caricata, risível, e noticiada nos meios de comunicação social como tal. E, convenhamos, é uma daquelas situações risíveis em que aceitamos ser enganados em contrapartida de uma pitoresca situação que contamos aos amigos numa almoçarada.

Vender ar é sempre o exemplo que me vem à mente quando ouço falar de criptomoedas.

A primeira criptomoeda foi criada em 2009, quando uma entidade desconhecida (ainda hoje não se sabe se é uma pessoa, um grupo, ou uma empresa) lançou um software que visa criar um meio de troca através de uma rede descentralizada de computadores, sem o controlo de um governo ou um estado.

Depois desta primeira criptomoeda, a Bitcoin, surgiram milhares de outras: as estimativas apontam para a existência de 19.000 criptomoedas atualmente. E por que motivo as criptomoedas me fazem lembrar a venda de ar?

Porque, em essência, são a mesma coisa. Ao poderem ser criadas por qualquer pessoa, as criptomoedas valem o que alguém quiser pagar por elas. Porque, na verdade, elas não representam qualquer valor subjacente: não há um ativo produtivo – fábricas, empresas, barragens, etc. – que gera valor, nem uma garantia de que aquilo representa algo – como uma moeda legal emitida por um governo reconhecido.

Os defensores das criptomoedas – normalmente entusiastas e acérrimos – dir-me-ão que sou desconhecedor das imensas potencialidades das criptomoedas.

Como elas poderão revolucionar o sistema de pagamentos, como são impossíveis de rastrear, como são absolutamente seguras e independentes.

E, sobretudo, inspirados por personagens instáveis e inconstantes que debitam opiniões no Twitter, dir-me-ão que é o melhor investimento possível, um investimento sem risco, que todos deviam fazer.

Nos últimos anos, o frenesim de investimento em criptomoedas permitiu a algumas pessoas ganharem dinheiro com os seus investimentos especulativos. Comprando barato e vendendo mais caro.

Mas, com a subida da inflação, dos juros e a perspetiva de uma recessão, as criptomoedas desvalorizaram mais de 60%, com várias moedas a desaparecerem – incluindo algumas que seriam estáveis por terem um câmbio fixo com o dólar. Isto significa que milhões de pessoas perderam os seus investimentos, as suas poupanças.

A ligeireza com que se fazem – e aconselham! – investimentos em criptomoedas é preocupante. Imbuídos de um tecno-otimismo, milhões de pessoas colocam as suas poupanças em algo bastante parecido com um esquema em pirâmide.

Comprar uma latinha de ar por três euros faz rir. Perder as poupanças de uma vida não tem graça nenhuma.

Texto escrito segundo as regras do Acordo Ortográfico de 1990

Etiquetas: criptomoedasNuno Reisopiniãovender ar
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