Para a larga maioria dos portugueses, o Verão é sinónimo de estender a toalha no areal, entrar nas águas frias do Atlântico e, até, comer a típica bola de Berlim. Em família ou com amigos, as praias da nossa costa permitem ‘refrescar’ das temperaturas mais altas, mas, para alguns, já não bastam estes planos ‘típicos’.
No areal das praias do distrito de Leiria, com especial ênfase para a zona Oeste, multiplicam-se as escolas de desportos náuticos, uma opção diferente para quem pretende viver experiências únicas. Numa pequena zona geográfica do País, criaram-se as condições perfeitas para a prática de surf, stand-up paddle, mergulho ou outras actividades onde o principal protagonista é o mar.
E cada instrutor não tem mãos a medir para responder à procura elevada por estes serviços. Juliana Oliveira, da Escola de Vela da Lagoa, em Caldas da Rainha, afirma mesmo que a procura aumenta cerca de 70%.
“As coisas tornaram-se mais fáceis de aprender. As pessoas já não têm o entrave do ‘não consigo’. As escolas estão completamente preparadas para receber os iniciantes”, constata a instrutora, justificando o crescente interesse por estas actividades.
Kitesurf, windsurf, vela, canoagem ou stand-up paddle são somente alguns dos desportos promovidos por esta escola, aproveitando as condições exepcionais da Lagoa de Óbidos.
No entanto, Juliana Oliveira percebe que a procura é superior nos turistas estrangeiros, já que “a nível cultural, os portugueses não têm tanta paixão pela náutica”.
O que anteriormente era só um serviço procurado nos meses de Verão, agora já regista interesse durante quase todo o ano. Junho, Julho, Agosto e Setembro continuam a ser os meses com mais aulas, mas a procura “tem-se prolongado” e a época já inicia em Maio, para terminar em Outubro.
Além daqueles que pretendem ter uma experiência de Verão, a Escola de Vela da Lagoa já tem vários clientes habituais. “Há muitas pessoas que vêm só por uma experiência, mas a maior parte são pessoas que querem aprender e fazer a modalidade com regularidade. Temos clientes que vêm todos os anos, compram material e vão para a água”, afirma.
Também o surf regista a mesma tendência. A Nazaré é conhecida em todo o mundo pelas suas ondas gigantes e condições ideais para a prática desta modalidade. Miguel Delgado, proprietário da Surf4 You, confessa que “ao longo do ano já está a existir uma procura mais constante”.
“As pessoas já não sentem a necessidade de enveredarem por um novo desporto e muitas das vezes querem uma experiência”, assume.
Curso de mergulho
Cerca de 95% do público desta escola é estrangeiro e muitos deles confiam na Surf4 You para subirem, pela primeira vez, a uma prancha de surf.
Entre Julho e Agosto a procura aumenta, “sem dúvida”, e, para quem quer aprender a surfar uma onda este ano, basta saber nadar e ter alguma aptidão física, assegura o instrutor.
Depois disto, as aulas iniciais baseiam-se nos “aspectos básicos”, com especial atenção na segurança, além do conhecimento do material e do mar. Antes da primeira subida para a prancha, os veraneantes também ficam a conhecer pontos geográficos importantes e a dinâmica das correntes.
Não é só sob a linha da água que os adeptos praticam este tipo de desportos. Abaixo de água, a experiência é igualmente interessante e na Just Dive – Blue Academy, a biodiversidade aquática também entra nas contas de cada mergulho.
As águas das Berlengas, em Peniche, são o principal destino de cada mergulho promovido por esta escola, já que, num pequeno espaço, se encontra uma “grande diversidade de mergulhos”. É até, o “local do País com mais naufrágios mergulháveis”, o que permite a cada cliente conhecer um “museu subaquático”, conta Pedro Ramalhete, CEO da Just Dive.
Também aumenta a procura dentro do mar. Com oito anos de actividade, o melhor ano da Just Dive foi mesmo o da pandemia, em 2020. “Desde aí, tem vindo a crescer, houve uma procura maior por este tipo de experiências”, realça.
No entanto, o responsável detecta um ligeiro decréscimo da procura este ano, explicado pelas contas que as pessoas “fazem à vida”. “Há prioridades e logicamente que um curso de mergulho não é uma prioridade”, explica.
Mesmo assim, o trabalho não pára, registando-se uma mudança no perfil do cliente que, antes da pandemia começar, era maioritariamente estrangeiro. Agora, na Just Dive, os principais clientes são portugueses.
“Há um percurso natural. As pessoas que fazem um baptismo e gostam acabam por fazer o curso de mergulho a seguir”, refere, ao explicar que no baptismo são dadas as “noções básicas de mergulho”.
Além da experiência do mergulho, cada cliente vai para casa com maior conhecimento sobre as espécies que habitam as águas das Berlengas.