As cisões no seio do PSD de Pombal agravam-se a cada reunião de Câmara. Sexta-feira, durante a última reunião do executivo, o vereador social-democrata Pedro Brilhante pediu a demissão de Diogo Mateus, presidente do Município pelo mesmo partido político.
Depois de ter feito vários pedidos de informação à Câmara, o que apelidou como “meses de calvário”, Pedro Brilhante afirmou sexta-feira que, em mais de 1700 páginas de documentos, relativos a este mandato, percebeu que Diogo Mateus se terá deslocado, alegadamente com o automóvel da Câmara, “várias vezes por semana e às vezes mais do que uma vez por dia, a Lisboa, Coimbra, Leiria, Santa Maria da Feira, fora do horário de trabalho, de madrugada, quando as instituições estão fechadas”.
Verificou também que o presidente o terá feito mesmo quando se encontra “de férias e de fim-de-semana” , “para sítios onde não tem agenda”.
“O que anda o presidente da Câmara a fazer, centenas de vezes num concelho, num distrito que não é o nosso?”, indagou Pedro Brilhante, referindo-se às alegadas viagens a Coimbra.
“E vai para Espanha. Não satisfeito de levar o carro da Câmara para seu uso pessoal, ainda apresenta facturas da auto-estrada espanhola, que o chefe de gabinete justifica como representação do Gabinete de Apoio ao Presidente”, acrescentou Pedro Brilhante.
“Levou o carro para a praia, várias vezes, connosco a pagar”, atirou o vereador. Pedro Brilhante salientou [LER_MAIS]que o presidente terá ainda justificado as multas do carro “que só ele conduz”, argumentando: “não conseguimos identificar o condutor”.
“É vergonhoso e coloca condenações sobre o Município”, acusa o vereador. “O dinheiro público não serve para os luxos privados”, defendeu Pedro Brilhante.
“Demita-se para que não faça passar os pombalenses por mais uma vergonha, de ter o presidente em exercício constituído arguido e, quem sabe, perder o mandato ainda durante esse exercício”, pediu Pedro Brilhante.
“O assunto já foi remetido por mim, para que possa ser feita essa investigação, junto do Departamento Central de Investigação e Acção Penal”, respondeu o presidente de Câmara.
Diogo Mateus acusa Pedro Brilhante de fazer “autos de fé” antes mesmo das entidades judiciais se pronunciarem, mas salientou que estas afirmações do vereador também o fazem incorrer em responsabilidade criminal, já que faz insinuações “sem que algo tenha sido provado ou julgado”.
“Portanto, encaminharei as suas declarações para vias judiciais, para que o senhor possa defender-se do que aqui acabou de dizer”, rematou Diogo Mateus.