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Veredito

João Lázaro, psicólogo clínico e director do TE-ATO por João Lázaro, psicólogo clínico e director do TE-ATO
Fevereiro 18, 2016
em Opinião
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Não desejo mal nenhum ao rapaz. Mas talvez as coisas tivessem outro desfecho se ele tivesse sido mais firme. Nem precisava de ser tão arrogante como o advogado do Bancúnico, que esse estava ali como peixe na água.

Assim que entrou no tribunal tirei-o logo pela pinta. Era assim para o baixito mas olhava as pessoas de cima para baixo, como quem se quer fazer mais alto do que era na verdade. Bem-vestido. Aquilo não era fato comprado ao mercador da feira. Se o meu avô o visse, dizia logo: apessoado! Depois dava um estalito com a língua que era o jeito dele para dizer que apreciava uma coisa, uma situação, uma pessoa. O meu advogado, não. Era tão novinho, coitado!

Não tive coragem de lhe perguntar, mas tenho para mim que era a primeira causa que defendia. Mas não tinha escolha. Ou aquele ou nenhum. E mesmo assim… Foi o que as senhoras dos Serviços de Apoio ao Carenciado Social me arranjaram. Eu ainda lhes disse que não era preciso estar a incomodar um advogado por um nada. Então, se eu tinha a razão do meu lado e se nos tribunais se faz cumprir a justiça, havia de haver algum juiz que não me defendesse na honra da minha palavra dada?

O meu avô, que foi quem me fez crescer e tornar-me gente, sempre me ensinou: a palavra de um homem é o que há de mais sagrado! A gente até pode estar a assinar um papel com o nosso sangue, mas se estivermos de má-fé estamos a assinar de mentira. Mas as senhoras disseram que não. Que era da Lei do Império. Que ninguém podia ir a tribunal sem um defensor oficioso.

Calhou-me aquele. Que é que eu podia fazer? Esforçado, lá disso não tenho dúvidas, que o moço até transpirava de volta dos papéis à procura de argumentos para mostrar que eu sempre tinha sido uma pessoa de bem, de boas contas, trabalhador, sem vícios, um homem de palavra. Que eu não tinha a culpa que a Grandindústria tivesse fechado portas dum dia para o outro e deixado sem pão mais de metade das famílias da cidade. Que para saldar a minha dívida me dispunha a trabalhar por comida e uma enxerga.

Mas o advogado do Bancúnico era mais palavroso e estava sempre a repetir: como provam os factos… e depois mais uma ladainha de leis e artigos e alíneas e parágrafos que eu não fazia a ideia do que diziam, mas sabia que me estavam a traçar o destino dali para a frente. Por isso é que não me espantei nada quando o juiz me leu a sentença.

Mais claro que água da fonte não podia haver: prisão domiciliária com mecanismo de controlo remoto de movimentos. Ainda lhe pedi, com respeito, que me mandasse para uma das prisões do Império. Mesmo que fosse para longe, lá para a zona das neves onde se conta que os presos no inverno não se deitam com medo de morrer gelados. Que a mim pouco me importava, sozinho na vida nunca iria receber visitas, pelo que a distância nem contava. Mas quê?

A Lei do Império impunha que se contivessem os gastos e só albergava nas prisões presos que fossem um perigo para a ordem e a moral do Império. Neste instante preciso, vou desobedecer à sentença do juiz. Não posso manter-me em prisão domiciliária porque à porta estão os executores do Bancúnico a despejar-me de casa. Cinco passos para além da porta e o mecanismo de controlo remoto de movimentos explodirá.

*Psicólogo

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