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Home Opinião

Vi-a no Leroy Merlin

Maria Miguel Ferreira, Economista por Maria Miguel Ferreira, Economista
Outubro 5, 2023
em Opinião
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A última vez que nos vimos foi no Leroy Merlin. Eu à procura de tinta branca para o meu sonho americano, ela a braços com uma fuga de água. Foi aí que soube que estava de volta à cidade.

Tinha 11 anos da primeira vez que veio viver para cá. Falava um português ranhoso, o que funcionou como quebra gelo para conhecer pessoas. “Quebra gelo” é apropriado, pois naquela altura os continentes ainda não tinham iniciado a sua deriva, Leiria era do Círculo Polar Ártico e os invernos doíam nos ossos. Pelo menos, é assim que eu me lembro. Agora imaginem o choque: passar a infância no calor de África e no semi-tropicalismo da Flórida, e aterrar aqui. Sem Disneyworld, sem pais natais de calções, sem trenós na neve, numa aldeola chamada Porqueira (hoje, Vale de Santa Margarida). Qual é a piada?

A piada demorou algum tempo a desenvolver-se. Uma adolescência inteira, na verdade. Com a casa dos avós, os abraços de amor, o cheiro da lareira, a felicidade de encontrar os amigos, sempre os amigos, sem ter de fazer grandes combinações, uma cena musical gigante que estava por todo o lado… Foi nestes anos que se interessou por aviões.

Quando ia visitar o pai ao Malawi havia sempre uma hospedeira de lábios pintados que a acompanhava docemente. Hoje, quando entra no avião, não pensa em mais nada. Ela acha isso terapêutico.

Deixou Leiria com 17 anos para ir estudar Psicologia para o Porto. Levava memórias poderosas e um sentimento de conforto. Apesar disso, sempre soube que não ia ficar. Foi a uma entrevista e 15 dias depois estava a viver em Londres. E 4 anos depois estava a viver em Paris. Mas mesmo nesses anos, sempre, sempre, o Natal era em Leiria.

Talvez por ter crescido no Malawi e vivido nos EUA, passado a adolescência em Leiria, os anos universitários entre o Porto, Coimbra e Lisboa, onde estudava a irmã e os amigos, trabalhado em Londres e Paris, comprado um apartamento em Lisboa para ter algum tipo de base para as suas idas e vindas, se calhar por tudo isto, sempre desejou um sítio a que chamar casa. Leiria tornou-se esse sítio.

Foi aqui que segurou a mão da avó antes de ela entrar para uma cirurgia. Aqui que esteve ao lado do avô no funeral da avó. Aqui que passou dias e noites no Hospital de Leiria com o padrasto e veio todas as semanas almoçar com ele às praias da região de que tanto gostava (sempre a Nazaré ou o Pedrógão). Estas memórias são fortes, e ela gosta de as ter.

Também pesa ter conhecido em Leiria o amor da sua vida, que não nasceu cá mas é, pelo menos, tão leiriense como ela. Mas isso é outra crónica. Foi já nos meus trintas que olhei a Lara com atenção.

Em 2015 a minha banda preferida tocou em Matosinhos e eu subi ao palco para dançar com eles, com a alegria infantil que a música dos Belle & Sebastian nunca falha em provocar-me. De repente lá estava ela, ao meu lado, no palco, aos pulos. Ficámos irmãs-sebastiânicas para a vida – mesmo se o nevoeiro do Oeste que eu tanto amo, a ela, a enerva.

Voltamos a Leiria, onde a Lara acredita que está a viver o melhor dos tempos – “o tempo presente é sempre o melhor tempo” – e onde o plano, depois de resolver a fuga na canalização, é criar um sentimento de lar para os filhos. Que eles conheçam o mundo, mas sintam sempre que podem voltar e dizer “sou de Portugal, sou de Leiria”. Que possam contar orgulhosos aos amigos do resto do mundo, como a mãe faz, que se vierem a Leiria em Junho, há um festival incrível. Que cresceram na terra da Porta, do Entre/ Extra Muralhas e da InPulsar – movimentos que acha bons, mas quando se conhece os rostos por detrás, lhe parecem ainda mais bonitos. 

Etiquetas: amizadeconcertocontocrónicaescritaeuafilhosLaraLeiriaMaria Miguel FerreiraMatosinhosoesteopiniãoPedrógãopessoaspraiaregião de Leiria
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