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Home Opinião

Vicência, uma mulher sem paciência

Florbela Oliveira, Professora e escritora por Florbela Oliveira, Professora e escritora
Janeiro 2, 2025
em Opinião
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Vicência, uma mulher sem paciência, passava os dias a resmungar, a rezingar e a remoer, entredentes, palavras impercetíveis. Os vizinhos já nem ligavam, mas nem sempre assim fora. Momentos houve em que, receando que aquelas querelas de família terminassem num esgotamento daquela mulher sem paciência, ou em algo bem pior, iam sugerindo que se realizassem sessões de psicologia, mediação de conflitos, implementação de tutorias, ou, em última análise, a administração de calmantes e afins.

Observando à distância, Marcolino, um dos amigos de infância de Vicência, a mulher sem paciência, ia esperando que se desse o milagre. Sabia que, um dia, a impaciente senhora se cansaria de manter aquela família debaixo do seu próprio teto. Só aí, Marcolino deixaria de se preocupar e se aventuraria a aproximar-se, de novo.

Até lá, e enquanto isso não acontecia, ia espreitando através da porta entreaberta, discretamente, para que ela não desse conta de que alguém, de entre todos os vizinhos, se preocupava mais com ela do que os restantes. Era um amor antigo o que por ela nutria, um daqueles amores que, no seu tempo, nunca se concretizou não se permitindo que um fosse o cônjuge do outro.

Agora, tinha querido o destino que regressassem à mesma aldeia, à mesma rua, ao mesmo chão. E, ao longo dos dias, Marcolino ia assistindo ao refilar constante de Vicência, a mulher sem paciência com os seus, ou porque não ajudavam a arrumar o quarto, ou porque não mudavam de roupa, ou porque não limpavam os sapatos, não cortavam o cabelo, não adequavam o seu vestuário à época do ano, não ajudavam nas limpezas, não levavam o lixo à rua.

«CALÕES, É O QUE É!» gritava ela a plenos pulmões «Aí, especados a olhar para mim, sem fazer nada. Preguiçosos! A mãe limpa, a mãe arruma, e vocês, nada! Nem um pequeno elogio… Sei lá, algo que me dê força para continuar a manter-vos comigo… Estou no limite! E isto é um aviso! Um dia, agarro em todos vocês e ponho-vos no olho da rua…» Mas eles, nada. Lá continuavam a olhar para ela, mudos e quietinhos, incapazes de ripostar.

Uma madrugada, Marcolino acordou sobressaltado. Um arranhar de algo sobre uma superfície plana, um esgatanhar de parede, um triturar de frases indecifráveis, fê-lo esbugalhar os olhos e aguçar a audição. Apesar do sobressalto, sorriu. O milagre estava, finalmente, a dar-se. Disso tinha a certeza! Já de pé, espreitou, discretamente, para o corredor. Uma porta abria-se, quebrando, embora que de forma plácida, o silêncio estático da noite.

Pé ante pé, Vicência, a mulher sem paciência, alinhava, no chão, fora do seu quarto, uma fiada de molduras que continham as fotografias dos seus cinco filhos. «Vá. Façam-se, mas é, à vida! Chegou a hora de me lembrar mais de mim! Fora! Acabou-se o mimo!» Marcolino olhou-a com carinho sabendo que, cheio de paciência, ajudaria Vicência, sua mulher, a lembrar-se mais de si própria, e dele, seu marido, a viver ali, no quarto contíguo ao dela, naquela casa de repouso. 

Texto escrito segundo as regras do Novo Acordo Ortográfico de 1990 

Etiquetas: contodomésticoescritaescritorafamíliaFlorbela OliveiraLeiriamarcolinoopiniãopaciênciaprofessoraregião de Leiriatrabalhostradiçãovicência
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