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Vinil: este disco não lhes sai da cabeça

Cláudio Garcia por Cláudio Garcia
Abril 10, 2025
em Abertura
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Vinil: este disco não lhes sai da cabeça
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“O vinil é uma obra de artesanato”, comenta Isabel Carvalho. “Tirar o disco, limpar, pôr a agulha, já tudo isso faz parte de ouvir música. E ao fim de uns anos a gente olha para aquilo e diz assim: isto é a banda sonora da nossa vida”.

Há quase 38 anos a fixar recordações – The Joshua Tree, dos U2, Bad, de Michael Jackson, e Appetite For Destruction, dos Guns n’ Roses, são alguns dos álbuns mais vendidos em 1987 – a Auditu, em Leiria, figura entre as lojas de música mais antigas do País, onde até músicos dos Tindersticks já andaram às compras, quando tocaram ali ao lado, no Teatro José Lúcio da Silva.

“Tenho clientes que vêm cá, se calhar, todas as semanas e levam 20, 30 euros. E tenho clientes que vêm cá meia dúzia de vezes por ano, mas, quando vêm, levam 500, 600 euros. Costumo dizer que o melhor é mesmo a soma deles todos”. No próximo sábado, 12 de Abril, voltam a ter motivos para abrir a carteira: celebra-se internacionalmente o Record Store Day 2025, que inclui edições especiais e limitadas.

Território de coleccionadores

Enquanto o CD “tem tendência para estagnar”, “o vinil”, com preços geralmente entre 25 e 45 euros, “está a crescer”. E, segundo Isabel Carvalho, atrai todas as gerações. Também “a malta nova aderiu” ao revivalismo em torno de uma novidade com mais de 70 anos e defende “o valor”, “o gosto” e “o carinho que é ter o objecto”. Globalmente, as receitas do vinil sobem há 18 anos consecutivos, segundo o mais recente relatório anual da International Federation of the Phonographic Industry (IPFI).

O escritor e divulgador José Alberto Vasco chegou a frequentar a Auditu nos anos 80 – e, antes, a Electrolis, de onde Isabel Carvalho e Fernanda Moreira saíram para abrir a Auditu. “O primeiro disco foi comprado precisamente nessa loja. Islands, dos King Crimson, na altura em que decidi deixar de fumar para começar a comprar discos”.

Em média, os preços variam entre 25 e 45 euros por disco (Fotografia de Ricardo Graça)

Apesar de residir em Alcobaça, José Alberto Vasco tinha aulas na escola industrial em Leiria. “Evoluí muito cedo para a área do jazz, da música contemporânea, e, aí, a Electrolis marcava a diferença. Por acaso, encontrei uns anos depois uma loja equivalente, que era a Transbord, em Andorra La Vella, onde havia também discos fora do habitual”.

Actualmente, a colecção “nem chega aos mil” discos, desvaloriza o autor de Os Alcobacenses Também Podem Ser Eléctricos – Subsídios para uma História do Rock em Alcobaça, que hoje ouve música, sobretudo, em suporte digital. “O vinil é sempre aquele clássico, até pelas capas. Faz outra vista e muitas vezes compra-se o disco pela capa”. Um exemplo: o álbum Cheap Thrills, de 1968, da banda Big Brother and the Holding Company, com Janis Joplin como vocalista, que tem capa do artista gráfico e ilustrador Robert Crumb.

Maceira tem a única fábrica

“Continua a haver muito aquela noção de pertença e de guardar memórias através de um objecto físico e o vinil faz isso”, comenta Hugo Ferreira, proprietário da Grama Pressing, a única fábrica de discos de vinil em Portugal. “Estamos aqui a criar bocadinhos de arte e de memória viva”, algo que “vai ser desembrulhado com a maior excitação por alguém que está à espera de encontrar ali uma ligação muito forte”.

Fundada na Maia em 2021 por três sócios que entretanto, em momentos diferentes, se desvincularam do projecto, a Grama Pressing funciona desde meados de 2024 na Maceira, concelho de Leiria, de onde já exportou para mais de 30 países, incluindo Japão, Austrália ou Estados Unidos. Por estes dias, 40% dos clientes são estrangeiros e existe o objectivo de engordar a percentagem para 80%. Desde Julho de 2024 e até ao início de Março de 2025, na Maceira, foram produzidos 146.160 discos (unidades) para 200 edições. Hugo Ferreira e Carlos Matos (responsável pelo controlo de qualidade) são também melómanos: cada um deles tem mais de 10 mil discos (nos vários formatos).

E soa melhor?

Digital ou vinil? O que diz a ciência? “O som, o digital é melhor. Ou seja, em termos de características objectivas da qualidade sonora, o digital oferece muito mais qualidade do que o vinil. A fidelidade dos sinais sonoros é melhor”, assegura Isaac Raimundo, do Departamento de Comunicação e Arte da Universidade de Aveiro.

Como explicar, então, que muitos aficionados garantam o contrário? “Essa é uma questão que venho a colocar há muitos anos e que está muito mais ligada à experiência do vinil do que à qualidade efectiva e objectiva sonora”, responde o investigador e docente. “Quando estamos a ouvir música, estamos a ouvir, intrinsecamente, o veículo dessa mesma música”, salienta. “Há um perceber, há um sentir e há depois a forma como esses sentidos reagem com as nossas expectativas, com as nossas memórias, com a nossa natureza. Portanto, é um processo holístico e muito complexo”. Tudo conta, incluindo os “riscos” e “deformações”, acrescenta o professor universitário originário do concelho de Alcobaça. “Quando estamos a ouvir um vinil, existe um contexto, existe um disco, pode-se olhar para os sulcos e quase ver a informação visualmente, existe uma agulha, existe calor”, logo, uma experiência “mais rica”, “mais abrangente” e “muito mais corporalizada, que envolve múltiplos sentidos e não apenas o carácter estéril quase pasteurizado de sacar um ficheiro e pôr a tocar”.

Mercado mensal no Atlas

Isaac Raimundo participou no ciclo Vinil à Hora que o Armazém das Artes em Alcobaça dinamiza desde o Outono de 2023 e em que dá a conhecer uma colecção de 800 vinis de música clássica. O público senta-se para ouvir música escolhida pelos convidados, que falam sobre o disco ou discos seleccionados. Outro motivo para visitar Alcobaça: o Museu das Máquinas Falantes, que abrange a história do disco de vinil e dos aparelhos inventados para o reproduzir.

Também músicos dos Tindersticks já andaram às compras na Auditu, quando tocaram ali ao lado, no Teatro José Lúcio da Silva (Fotografia de Ricardo Graça)

Também o Atlas, em Leiria, se prepara para reunir a comunidade do vinil: o World Music & Vinyl Flea Market vai acontecer no segundo domingo de cada mês. “Cruza um mercado de vinil com sessões de música vibrantes para entusiastas do som analógico”, avança a equipa que gere o restaurante e bar na Rua Direita. “Vai além da música, e propõe um ambiente de partilha”. Ao longo do ano, haverá DJ sets e discos propostos através de open call.

Gira-discos a 15 mil euros

Não muito longe do Atlas, no cruzamento entre a Rua de Alcobaça e a Avenida Combatentes da Grande Guerra, fica o espaço Sound It, onde o proprietário, Kai Schloesser, propõe sistemas de alta fidelidade que misturam qualidade e design. “Quando queremos receber uma impressão da natureza do som, sentir a música, então, há alguns segredos”, afirma. “Quando estamos a falar do topo, para mim ainda é vinil e vamos consequentemente para o analógico”. Com colunas omnidireccionais e amplificadores a válvulas, acrescenta.

Alguns modelos disponíveis através da loja de Leiria: o preço das colunas varia entre 50 euros e 45 mil euros; os gira-discos começam nos 450 euros e vão até 15 mil euros. “O audio pode ser caro ou não, é uma questão de quanto se quer investir”, sublinha Kai Schloesser. “Em cada classe de preço existem soluções que podem satisfazer, provavelmente, uma vida inteira”.

Mais receitas em 2024

O que dizem as estatísticas? Em todo o mundo, o streaming (serviços como o Spotify ou o Apple Music) vale 69% das receitas de música gravada, dados de 2024, de acordo com o International Federation of the Phonographic Industry (IPFI). No entanto, as receitas do vinil subiram no ano passado (4,3%) pelo 18.º ano consecutivo. E, em Portugal, também aumentaram: 7%, de 5,8 milhões para 6,2 milhões de euros. A nível nacional representam agora mais do dobro que o CD, segundo a Associação de Gestão de Direitos de Produtores Fonográficos (Audiogest).

A tendência de crescimento impressiona ainda mais quando se verifica que as receitas do vinil em Portugal, no ano de 2019, totalizaram 1,7 milhões de euros.

Auditu: Leiria tem uma das lojas de música mais antigas do país

Surgiu no Centro Comercial Maringá em 1987, no dia 31 de Outubro, por iniciativa de duas sócias, ambas ex-funcionárias da Electrolis: Isabel Carvalho e Fernanda Moreira, que viria a retirar-se do negócio dez anos mais tarde. Já com natureza unipessoal, a sociedade Auditu cessou actividade em 2013, mas, salva por um fornecedor, Abílio Silva, que se tornou proprietário da marca e ofereceu a Isabel Carvalho o cargo de gerente, a loja manteve-se aberta, com o mesmo nome e nova localização, onde continua hoje, junto ao Teatro José Lúcio da Silva.

Na Auditu, Isabel Carvalho assistiu a todas as grandes transformações na indústria da música ao longo das últimas quatro décadas: o crescimento do CD e o declínio do vinil, o declínio do CD e a retoma do vinil, o reinado do digital, aparentemente para durar, e, mais recentemente, o regresso da cassete. “Está a começar a voltar. Tem-se vendido”.

Alguns clientes compram na Auditu desde o início, noutros casos também já são os filhos a percorrer as prateleiras. E, não raras vezes, há discos pedidos. “Se não tivermos, em 99,9% dos casos a gente arranja. Manda-se vir, quando chega enviamos mensagem”. A palavra do cliente, pela voz de Isabel Carvalho, serve de prova: “Houve um disco que eu não encontrava em lado nenhum, você demorou um ano a arranjar, mas arranjou!”

Com as plataformas de streaming a disponibilizarem mais singles e LPs do que algum ser humano será capaz de ouvir durante uma vida inteira, a receita para a sobrevivência das lojas de música, segundo Isabel Carvalho, mantém-se inalterada. “Claro que se tem de ter as novidades e sempre achei que tem de se ter muito cuidado num bom fundo de catálogo”. De resto, o combustível do negócio é mesmo o amor à causa. “O digital é bom para conhecer outras coisas, mas aquilo que a gente gosta, acho que a pessoa deve comprar, porque o artista precisa de ser ajudado. E o digital é um bocadinho pastilha elástica: a gente ouve, mastiga e depois deita fora”.

Stereossauro: DJ campeão do mundo é de Caldas da Rainha
 
“Continua a ser o formato a que dou prioridade”, diz o produtor Tiago Norte, mais conhecido como Stereossauro, várias vezes campeão mundial como DJ, a mais recente das quais no final do ano passado. “Toco com dois vinis que estão a ler música do computador, ou seja, são um interface, a música, na realidade, está no computador”.
 
“O tacto”, “a rotação” e “o peso do disco a rodar” convencem-no a preferir o vinil, que ainda hoje considera uma boa escola. “Uma grande vantagem de aprender a misturar com vinil é que tens zero ajuda do software. Tens mesmo de aprender a fazer aquilo de ouvido. E isso é uma coisa que fica entranhada em nós e é algo que fazes em piloto automático. Consegues naturalmente separar o disco da esquerda do da direita na tua cabeça e ver qual é que está atrasado ou adiantado e acertar os dois”.
 
O músico de 46 anos, que é natural de Caldas da Rainha, também utiliza o vinil como ferramenta de composição. “A aproximação do scratch e do turntablism é precisamente usar e manipular os samples do vinil como se de um instrumento se tratasse”.
 
É o que acontece no EP que acaba de lançar com DJ Ride no projecto Beatbombers, Quatro Paredes, a partir de gravações de Carlos Paredes.
Etiquetas: auditugramaLeiriavinil
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