Talvez nunca a história da Marinha Grande tenha sido contada de forma tão hilariante, capaz de prender a atenção (e o riso) dos mais pequenos, sem deixar de os informar sobre cada detalhe acerca da criação da Real Fábrica de Vidros, do árduo trabalho dos mestres vidreiros ou dos meticulosos processos de fabrico, que resultaram em obras de arte admiradas até hoje.
Entre outras iniciativas da câmara municipal, integradas no âmbito das comemorações do Dia Internacional dos Museus (18 de Maio) e do Ano Internacional do Vidro, assinalado em 2022 pela ONU, contam-se as Visitas Encenadas no Museu do Vidro, criadas pela companhia Teatro à Solta e especialmente pensadas para o público infantil.
Em cada[LER_MAIS] uma destas visitas, figuras como o célebre industrial Guilherme Stephens ou o ilustre rei D. José renascem ao lado de comuns vidreiros, de um frenético apresentador de concursos ou de um mergulhador, interpretados por Cristóvão Carvalheiro e Marco Paiva, que dão corpo aos textos de Susana Rodrigues.
Numa das salas do antigo palácio mostram-se corantes de vidro, fala-se da tradicional sopa do vidreiro e da difícil vida de crianças que cedo começavam a trabalhar no ofício do vidro. Noutra assoalhada remete-se para a indústria vidreira da actualidade e abordam-se os benefícios da reciclagem.
Entre histórias, que suscitam contributos e a opinião dos espectadores, soltam-se as gargalhadas dos mais novos. E o êxtase é total quando, numa das alas, um louco apresentador improvisa um concurso que testa os conhecimentos do público sobre alguns dos objectos presentes no museu. “Será isto um garrafão? Um apanhador de moscas? E isto? Será um galheteiro ou um instrumento musical?”
Alice Castro, de 8 anos, Rafael Siva e Vicente Fonseca, ambos de 9, são alguns dos alunos da EB Prof. Francisco Veríssimo que saem literalmente a dançar desta lição bem-disposta de História. “Adorei as personagens”, comentava Alice. “Gostei mais do concurso”, partilhava Vicente. Já Rafael, que conhecia o museu de outras andanças, “não estava à espera” de tal abordagem. E todos prometem regressar com a família.
Quem também adorou a visita foi a professora, Anabela Duarte, que recuou aos tempos em que o pai trabalha na “Fábrica Velha” e reconheceu o valor pedagógico desta performance. Para os actores, a iniciativa também é um desafio, por promover proximidade e grande interacção com as crianças, o que resulta em momentos inesperados de improviso.
Tânia Rosa, directora do museu, que acompanhou o percurso, também verificou que as “crianças ficaram muito mais presas à actividade” do que ficariam através de uma apresentação comum de conteúdos promovida por técnicos. Nota que o público é cada vez mais exigente e carece de experiências como estas, que o entusiasmem desde tenra idade.
Hoje, dia 20, as visitas são dirigidas a escolas, bem como na próxima semana, de 24 a 27 de Maio. Pelo meio, no domingo, dia 22, a iniciativa pode ser participada pelo público em geral, sob reserva prévia junto do museu, através de email ou de telefone.
A co-produção, entre Município da Marinha Grande e Teatro à Solta, companhia profissional desta cidade, conta com o apoio do JORNAL DE LEIRIA, do Museu do Vidro e do estúdio PoeirasGlass.