Apesar de a escassez de mão-de-obra ser um dos grandes constrangimentos da actividade, os proprietários de viveiros com plantas ornamentais vivem uma fase próspera, impulsionada pelo confinamento motivado pela Covid-19.
Nos Viveiros Quinta da Gândara, de Leiria, o negócio familiar, iniciado em 1986, já atravessou três gerações. Sara Simões, neta do fundador, explica que, da propriedade de cerca de 40 hectares, uma parte é dedicada à produção de plantas ornamentais. Além de trabalhar com fornecedores nacionais, os Viveiros Quinta da Gândara também importam flores da Holanda, França, Espanha e Itália.
Durante o período de confinamento o negócio foi “espectacular”, porque muita gente aproveitou essa fase para iniciar as suas hortas e jardins.
Actualmente, as vendas já não estão a esse nível, mas ainda assim atingem números muito acima do pré-Covid-19, refere Sara Simões. “As pessoas tomaram o gosto e mantêm esses jardins”, supõe a empresária.
Com loja online e loja fiísica na Gândara dos Olivais, estes viveiros têm clientes em todo o País, incluindo ilhas.
“Neste momento temos equipa completa, somos nove pessoas, mas falta mão-de-obra. Surgem currículos para escritório, mas para atendimento e terreno não aceitam”, conta Sara Simões.
Cláudia Costa é gerente da Ortigarden, de Regueira de Pontes (Leiria), empresa criada em 2015, que se dedica ao comércio, importação e exportação de flores, relva e plantas interiores e exteriores, arbustos, árvores, etc.
Também esta gerente recorda a pandemia como momento de “crescimento” de vendas que, depois dessa fase se mantém em alta, entre clientes habituais, quintas e hotéis que vão redecorando as suas unidades. “Temos clientes que vêm de longe, Lisboa, Cascais, Sintra, interessados não só nas plantas mas também nos nossos vasos, importados do Vietname, que são diversificados e resistentes”, especifica a gerente.
Com apenas três colaboradores, “o negócio não pode crescer mais por falta de pessoal. Investimos num site, para vendas online, que está parado. E tivemos de fechar ao domingo, por falta de gente para trabalhar”, relata Cláudia Costa.
Já no concelho de Porto de Mós, os Viveiros Pétala Dourada contam com “mais de três mil referências de plantas”. Com mais de 40 anos de actividade, a empresa de Aníbal Cordeiro dedica-se à comercialização de plantas nacionais e importadas da Holanda, Espanha, Bélgica e Itália.
Também ele recorda como muitas pessoas, durante a pandemia, ficaram mais por casa e se dedicaram mais à decoração.
No concelho de Pombal, José Cordeiro, gerente da Horta Fixe, também se dedica à actividade há mais de 40 anos. Cerca de 60% do negócio corresponde à produção e comércio de plantas hortícolas e 40% à produção de plantas ornamentais. A empresa chegou a apostar na exportação, para Luxemburgo, mas as diferenças entre as condições climáticas dos dois países dificultam a saúde das plantas. Portanto, é no mercado nacional que a Horta Fixe está focada.
Com 15 colaboradores, loja em Coimbra, Pombal e no edifício-sede, em Almagreira, José Cordeiro defende que a maior dificuldade tem a ver com a formação. “Os portugueses escondem, fazem segredo do que sabem”, salienta o empresário, para quem, em boa hora surgiu a inteligência artificial e os vídeos brasileiros no Youtube.
“As escolas agrícolas podiam ser mais práticas e o Estado só quer impostos e não há formação”, salienta José Cordeiro.