Já era estudante universitária quando aconteceu o “25 de Abril”. Talvez por isso, é sempre com muita alegria, e diria até com um elevado grau de prazer, que me disponho a procurar toda a informação de que preciso para, na gostosa solidão da cabine de voto, acontecer o clímax da coisa. Nunca me abstive, anulei o voto ou votei em branco.
É uma realidade, nessa ocasião não quero ser nem invisível, nem neutra, quero que o meu voto leve nele impregnada a minha opinião sobre os programas políticos que me são apresentados.
Confesso que com a entrada de Portugal na UE todas estas agradáveis sensações de eleitor se tornaram ainda mais fortes. Com o novo estatuto de cidadã europeia, alarguei os meus deveres e direitos de cidadania ao Mundo, isto é, passei a poder ter uma voz no planeta.
Talvez uma voz quase inaudível, mas uma voz que antes não me era dado o direito legal de ter!
E foi assim que, para fundamentar com a máxima honestidade o meu voto nas próximas eleições para o PE, me obriguei, uma vez mais, a procurar a verdade.
Uma dessas procuras trago-a aqui, está relacionada com as migrações e a pobreza e tem a ver com o eu considerar “que o reconhecimento da dignidade inerente a todos os membros da família humana e dos seus direitos iguais e inalienáveis constitui o fundamento da liberdade, da justiça e da paz no mundo (…)” e tal, precisa de ser, nos dias de hoje, a espinha dorsal de toda a atividade política.
Fiquei a saber: que o Serviço Jesuíta aos Refugiados enviou uma carta aberta aos cabeças de lista de todos os partidos políticos portugueses, candidatos às Europeias, sobre o que planeiam fazer relativamente a questões tais como o aumento de vias legais e seguras de acolhimento de refugiados, a obrigação da participação de [LER_MAIS] todos os Estados-Membros no seu acolhimento, as regras europeias para a atribuição de vistos para estudar ou trabalhar e a detenção de migrantes em situação irregular; que esta organização apela a um voto consciente e informado que defenda os valores de proteção, dignidade, solidariedade e liberdade que fundaram a União Europeia; que também a rede Europeia Anti Pobreza nos solicita um voto por uma Europa livre de pobreza, com políticas macroeconómicas que reduzam a pobreza e que combatam as desigualdades, com sistemas de proteção social fortes e onde as políticas adequadas sejam colocadas em prática.
Porém e apesar do valor destas iniciativas que, digase, não vi em organizações de outras áreas, não fiquei a conhecer as respostas às questões formuladas!
Vai daí, pus-me à procura e encontrei o que queria. Entre muitas outras coisas, fiquei, por exemplo, a saber que o grupo PPE, que se intitula de democrata cristão, afinal, no que defende e nas suas ações, não é assim tão cristão!
E pronto, porque nestas eleições fui à procura e construí sobre elas o meu conhecimento, espero sentir ao votar outra vez aquela já velhinha sensação de alegria e prazer. A si, a si claro, desejo-lhe o mesmo!
Professora
Texto escrito segundo as regras do Acordo Ortográfico de 1990