A semana passada o quem é quem da música portuguesa encontrou-se em Leiria para debater exportação.
Por iniciativa da plataforma Why Portugal, juntaram-se cabeças e sentenças para resolver um “problema” que dura há décadas, sendo um pouco transversal à nossa cultura. Mas quer livros, vinhos, ou sapatos estão melhor encaminhados que a música.
Reunir este grupo é um bom sinal, mas também revela que o problema subsiste. Parece-me pacífico afirmar que qualquer ponto de partida é válido porque não existe continuidade em praticamente nenhum projecto português lá fora.
A internacionalização tem sido esporádica, construída com peças soltas, o que este movimento pretende resolver. Falaram-se de duas vias em especial.
Na minha opinião a agenda da Why PT privilegia o caminho institucional, suportado em rede por feiras/festivais de música, procurando envolver o Estado português. Algo que se confirma pelo destaque dado à visita da Ministra Graça Fonseca (Cultura).
A outra via parece-me ser a que os Moonspell seguiram. Percebo o porquê de muitas vezes termos sido o elefante na sala da internacionalização em [LER_MAIS] Portugal.
Há uma grande distância entre o que nós fazemos e o que foi, ou vai ser, feito pela exportação da música portuguesa. Apesar do sucesso da conferência, pergunto-me como se aproximam estes mundos: o do it yourself, sustentado no formato “clássico” de oferta e procura; e o de projectos trabalhados em parceria com Estado/patrocinadores.
Se esse encontro for possível, será uma boa resposta ao problema, mas o critério e a não imposição de uma agenda musical que privilegie um estilo devem ser rigorosos. Há que contar também com a lentidão burocrática dos processos.
Resta esperar, atestar dos resultados, assinalando o sucesso deste encontro e desejando que ou as políticas ou o velho “atira-te ao lobos” façam com que a música portuguesa consiga ultrapassar as fronteiras que a prendem.
Músico