Zona industrial da Marinha Grande escondia artefactos líticos em sílex, quartzo e quartzito

A Zona Industrial Casal da Lebre, na Marinha Grande, escondia “artefactos líticos em sílex, quartzo e quartzito”, que foram retirados por arqueólogos da Direcção-Geral do Património Cultural (DGPC).

 “Durante os trabalhos arqueológicos já realizados (entre 2019 e 2020) foi identificado um sítio pré-histórico e foram encontrados achados arqueológicos do período entre o Paleolítico Médio e o Mesolítico antigo”, referiu hoje a DGPC ao JORNAL DE LEIRIA.

A notícia foi revelada por Aurélio Ferreira, presidente do Município da Marinha Grande, na última reunião de Assembleia Municipal, há cerca de uma semana e meia, que lamentou a suspensão dos trabalhos.

Ao JORNAL DE LEIRIA, o autarca referiu que foram feitos trabalhos no canto a Sul da zona industrial, até à variante, terreno que é propriedade da câmara.

Trata-se de uma área urbana, à qual a Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Centro tinha dado autorização de suspensão parcial do Plano Director Municipal, precisamente com vista ao alargamento da zona industrial. Um processo que vem do anterior executivo, contextualiza o presidente.

“Não é agradável”, observou Aurélio Ferreira, realçando que existem muitas empresas a querer expandir-se ou fixar-se nesta zona industrial.

Segundo a DGPC, a obra iniciada em 2020 “afectou os contextos arqueológicos identificados à superfície no âmbito do Estudo de Impacto Ambiental (2019), pelo que foi implementada uma fase de diagnóstico arqueológico da área a afectar directamente pelo projecto, através da realização de 15 sondagens arqueológicas”.

“O relatório dos trabalhos arqueológicos realizados em 2020 foi aprovado em 24 de Junho de 2021,  e tendo em conta os resultados obtidos, a DGPC, sob proposta da Direcção Regional de Cultura Centro – e de acordo com uma reunião com o Município da Marinha Grande –  determinou como medida de minimização que antes da progressão dos trabalhos de construção civil, sejam realizados novos trabalhos arqueológicos que permitam colmatar algumas questões técnico-científicas ainda pendentes sobre este arqueossítio pré-histórico”, informou ainda a DGPC.

Deste modo, foi submetido recentemente um Pedido de Autorização de Trabalhos Arqueológicos (PATA) que se encontra em fase de apreciação técnica.

A DGPC explicou também  que o espólio identificado e recolhido no âmbito dos trabalhos arqueológicos realizados e a realizar ficará “sob a responsabilidade do diretor científico, em depósito temporário, sendo que a decisão de incorporação definitiva no acervo de um museu deverá ser tomada aquando da aprovação do relatório final da última fase de trabalhos arqueológicos desta obra”.